sábado, 22 de março de 2008



Ao se deitar na cama ele adormece.
É a terceira noite que ele dorme antes das 23 horas. É também a terceira noite que ele acorda de madrugada chorando.
Na sua mente não está registrado o sonho que estava sendo sonhado. Ele sabe que não é por causa do sonho que as lágrimas correm.
Ao abrir o olho, assustadamente ele percebe que enche o peito de ar, como se fosse a última inspiração. O peito que dói agora é preenchido pelo oxigênio, porém a dor ainda continua. Uma dor inimaginável… uma angústia que toma conta do seu corpo e o deixa nervoso… um choro compulsivo… um desgosto e uma decepção que se tornam maiores e mais presentes… um lamento no meio da noite, como quando o trem apita enquanto a cidade dorme.
As lágrimas saem de seus olhos como no dia em que a morte passou perto dele… como saem dos olhos da moça que é deixada no altar da igreja e espera o noivo que nunca virá.
Ao se sentar na cama o choro aumenta e ele grita no meio da madrugada. Ele grita desesperadamente esperando ser ouvido por quem nunca o ouvirá, por quem na verdade poucas vezes o ouviu gritar, por quem não sabe o que é gritar de dor. E ele chora mais ainda e sente o nariz sangrar, as mãos apertarem e a boca ficar com gosto sanguíneo.
A solidão se junta com a noite e se tornam uma só: escura… triste… amedrontadora… fria… se tornam algo que o fazem chorar.


Ele não é Pierre.
Muito menos Isabel.
Ele sou eu.
Eu sou ele.

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