domingo, 7 de dezembro de 2008

quase cinco...


eram quase cinco horas quando a brisa da madrugada acariciou o triste rosto dele. do mar apenas ouvia o barulho. por mais próximo que estivesse ele não conseguia ver. estava cego.
não era uma cegueira normal. estava cego de tanto chorar. de tanto sofrer. de tanto... amar. estava cego de amor. e será que era amor? será que o amor cega? será que o amor é sinônimo de sofrer?
para ele nada disso fazia sentido. as imagens vinham em sua mente. as palavras soavam em seu ouvido. o toque ele sentia em seu peito. as sensações eram reais. apenas as sensações. apenas o que a mente conseguiu reproduzir. era real o que não existia mais. o que ele sonha que possa, um dia, existir.
eram quase cinco horas quando a brisa da madrugada acariciou o rosto triste dele. apenas um nome. um ser. um desejo. uma cidade. distante. apenas ele sabia o que era. e o que não era. e o que seria, ou não seria.
ao adormecer na beira do mar ele sonhou: eles dormiam juntos. amavam-se. tocavam-se. beijavam-se. dormiam. eles dormiam abraçados. apaixonados. e o calor tomava conta de seus corpos... o calor... o calor... o calor que o acordou na beira do mar... o sol no auge do seu esplendor... ele no auge da sua dor. ambos no limite. positivo e negativo, mas no limite.
e deitado ele continuou... sem chorar. sem falar. sem gesticular. sem ninguém. sozinho. só... só pensando em quando era feliz. em quando ele o viu pela primeira vez, na beira do mar, com uma água de coco na mão. só lembrando do momento exato que seus olhares se cruzaram, que ele viu e foi visto. nenhum dos dois acreditava no que acontecia. nenhum dos dois acreditava no que via. e ficaram ali. parados. olhando-se. desejando-se. até o momento em que um sorrio e outro ficou em choque, por fora sorrindo também, mas por dentro, sentimentalmente em choque, pois sabia que a sua vida estava mudando naquele momento.
cinco anos se passaram. e eram quase cinco horas quando a brisa da madrugada acariciou o triste rosto dele. a lágrima corria por seu rosto e formava no chão uma pequena nascente de rio, até encontrar-se com o mar. eles jamais voltariam a se ver. um deles estava a sete palmos abaixo da terra. o outro na beira do mar, sem saber como suportar.

Um comentário:

Jorge Gumz disse...

q lin!

sem comentário.
sem palavras.

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