sábado, 24 de julho de 2010

na janela...

ler ao som de Wild Horses, cantado por Susan Boyle. (clique no link abaixo com o botão direito do mouse e abra-o em outra janela para poder ler enquanto ouve).


ao olhar pela janela ele vê diversos apartamentos acesos, prédios iluminados. hipnotizado com o que vê, abre a janela e percebe o som dos carros passando, das risadas das pessoas que estão na boate que existe abaixo do seu prédio. sons que fazem com que ele se sinta vazio. há alguns metros de distância, uma música extremamente melancólica começa a tocar no seu computador, o volume aumenta automaticamente. ele sobe no banco que há próximo a janela, sente a brisa tocar o seu rosto, respira fundo, fecha os olhos e deixa com que o vento faça o seu corpo flutuar. desejando estar longe dali, desejando que o sonho se torne realidade, desejando ser quem não é, desejando um beijo de alguém que está distante, desejando um toque carinhoso, desejando ser amado, nem que seja por poucos minutos, ele sobe no parapeito da janela e se joga para fora. por alguns segundos, que parecem durar a eternidade, ele se sente livre, ele voa, se sente amado, ele abre os olhos no meio do vôo e se vê, pela primeira vez na vida, completo, realizado, feliz... e é assim que ele chega ao fim da sua viagem, é assim que ele se torna eterno e imortal, é assim que ele será lembrado, é assim que ele se torna o mais belo de todos os anjos já existentes, é assim…

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Saudade...

ele acordou e sentiu o seu peito doer, não era uma dor normal, não era uma dor física, não era uma dor simples... era a dor da saudade.
meio tonto ele levantou de sua cama e abriu o armário, procurava um álbum de fotos do último ano... cada segundo que se passava a dor aumentava, e ele começou a jogar tudo para o alto, as folhas de contratos voavam pela sala, os cadernos com anotações de sua vida foram arremessados pela janela, e a dor só aumentava... as fotografias foram jogadas para o alto, e neste momento ele caiu no chão... sem força, deitado, sozinho no meio da sala...



...foi então que percebeu que as fotos faziam uma dança no ar, como milhares de pétalas de rosas caindo lentamente, só que ao invés de pétalas, o que caia era o seu passado, momentos felizes e triste de uma vida inteira... ele pequeno chorando por ter recebido o presente não desejado, ele nu no banheiro na adolescência, a praia no verão de 91, o amor juvenil, a formatura, os amigos... e no meu da chuva de rosas do passado ele viu o que procurava, uma foto do ser amado. eles sorrindo no único encontro que tiveram...



(de play e continue lendo)

... e a dor aumentou de uma forma incontrolável... ele sempre soube que quando a saudade é demais, não cabe no peito: escorre pelos olhos... enquanto a lágrima corria por seu rosto, como em um filme, uma música começou a tocar. ele não sabia de onde vinha, não sabia se era da rua, do vizinho, da sua própria casa ou se só tocava na mente dele, mas não tinha importância... a música traduzia todo o pensamento dele...

‘perchè si spezzano tra i denti le cose più importanti. quelle parole che non osiamo mai.e faccio un tuffo nel dolore’






...as lágrimas formaram um lago ao seu redor... um lago transparente que refletia a imagem do seu amor que estava longe... e a música foi abafada pelo som do grito de dor que ele emitiu.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O Vento Errado!


o vento sopra, forte, intenso, vivo. o vento que descabela, que joga você para longe, que te machuca. a seguir o vento sopra sem intensidade, fraco: a brisa.
durante alguns meses a brisa soprava para refrescar o rosto quente e pulsante do rapaz, uma brisa leve e encantadora que aos poucos foi o deixando dependente dela. ele acordava e corria abrir a janela para sentir a brisa... e lá estava ela, esperando-o.
certo dia o rapaz foi viajar e no hotel ele abriu a janela e a brisa veio tão forte, tão intensa, tão viva que foi impossível ele não se envolver e fechar os olhos para senti-la tocar o seu corpo, foi impossível ele fugir.
ele correu, voltou para casa, fechou as janelas, mas a brisa entrava pelas gretas, pelos buracos no teto, por debaixo da porta. ele não queria mais a brisa, sabia que iria sofrer com ela, mas foi impossível não se envolver: e ele abriu todas as janelas, todas as portas, aumentou todos os buracos no teto. ele se entregou de corpo e alma. e a brisa sussurrava em seu ouvido que o queria mais perto, que o desejava mais intensamente, que esperava pelo momento de encontrá-lo e abraçá-lo.
porém a brisa precisou sopra em outros cantos do mundo e abandou o jovem e apaixonado rapaz. ao acordar todas as manhãs ele abria as janelas e as portas e ficava sentado, esperando sentir o preenchimento que somente a brisa o dava, esperava sentir o vento soprar novamente. e de dez em dez dias o vento soprava lá no outro lado do mundo e aqui chegava uma leve brisa, que ao tocar o corpo do rapaz se tornava num vento forte, intenso e vivo. e a brisa dava vida ao rapaz. fazia-o sorrir. mas no outro dia ele abria as portas e janelas e não sentia a brisa... e chorava.
o dias passaram. os meses passaram. e ele sabia que a brisa voltaria, e ele esperava, cada dia mais apaixonado e feliz por estar perto do reencontro. e o novo ano chegou e o momento da brisa voltar chegou. ele correu, abriu as janelas, as portas, os buracos no teto, tirou a roupa, ficou em pé no meio da casa esperando que ela entrasse e o preenchesse, esperando que seu corpo e sua alma fossem tocados com carinho, delicadeza, amor...



... só que a brisa não veio. o vento não veio.



o sol veio aquecendo toda a casa enquanto o rapaz derramava suas últimas lágrimas e seu coração congelava, enquanto a atrocidade da distância o deixava frio, enquanto o sopro de vida ia embora. e ele caiu no chão, sem perspectiva, sem animo, sem vida e uma brisa leve tocou seu corpo e disse: “sentiu o vento errado”. neste momento o coração do jovem congelou e ele nunca mais poderá sentir uma nova brisa, se é que existe uma brisa tão linda, tão forte, tão intensa, tão viva quanto a brisa que o envolveu.


hoje o vento sopra forte, intenso, vivo. o vento que descabela, que joga você para longe, que te machuca. em seguida o vento sopra sem intensidade, fraco, como brisa, mas nada adianta, ele não está mais entre nós.